sexta-feira, agosto 28, 2009

Reclusão, sabe? Ficar quietinho, esperando o mundo passar (e ele passa mesmo, por cima de você, enquanto engana-se que foge), tentando ignorar o incômodo contato com a realidade, a claridade solar na vista que por comodismo acostumada ao escuro e ao vácuo, que a certa altura da noite, parecem-se tanto que mal pode-se diferenciá-los.
Quando não se pode ver, fica tudo mais difícil. Imagine-se cego agora. Imagine não ser tocado pelo prazer burguês da contemplação. E tente não pensar em morte. Aceite sentir o mundo como se ele te fosse apenas isso: sensível.
Ver é o que tem-se por óbvio. É a primeira impressão. É aquela que marca e que também deixa as outras percepções como complementariedade.
Mas então por que música é melhor de olhos fechados? Por que o cheiro no travesseiro é acompanhado do toque?
Quando queremos sentir, nos negamos a ver. Aceitemos pois viver num mundo em que tudo é cheiro de chocolate e cafuné enquanto a música deixa o sofá mais macio e os olhos sutilmente dispensados.
É cega que eu quero estar. E aceitar os fatos sem precisar necessariamente me convencer da possibilidade racional de serem de verdade.
Definitivamente, eu não preciso ter lido contos de fada e aventuras mirabolantes pra saber que é magia o que acontece quando cerramos por alguns instantes (ou à gosto) os olhos.



Vejam, criar máquinas do tempo é uma das coisas mais fáceis do mundo.

2 comentários:

Ferreira, Lai disse...

'cinema sensível', é só o que digo.
Leia Admirável Mundo Novo.
e A Casa dos Budas Ditosos.

chayenne f. disse...

"Leia Admirável Mundo Novo" = Wagner terminando a aula. Só faltou o "Feliz Nataal".