terça-feira, agosto 25, 2009

Minha maior desventura seria perder a memória. Se bem que só uma partezinha talvez não seria de todo mal.
Eu não sei que dia é hoje, só sei que tô atrasada. Não sei direito pra que, mas eu já deveria estar lá. Tenho me dado tanto tempo, que o tempo de se dar assim precisa acabar. Tô cansada e inexplicavelmente, uma voraz vontade de devorar o mundo me devora ainda. Uma autodeglutição cíclica e insaciável.



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E ainda em tempo pra rascunhar sobre o tempo, já que tudo é repetição:

Eu teria escrito isso ontem, mas a última coisa que eu lembraria de levar comigo era uma caneta e um pedaço de papel. Sim, tenho sempre ao meu dispor, mas a quanto tempo eu não saía de casa com aquela sensação de que tava levando tudo que precisava, mesmo com os bolsos vazios?
E Deus, o céu era tão bonito, a saudade deixava tudo tão essência, que até me deixei confundir. Não era primavera. Quando me dei conta, tudo vazio e incerto, tudo inverno. Em sua noite mais longa até então. Solstício. Pra alguns, o início da luz sobre o escuro, dos dias cada vez mais longos.
Tenho então mais tempo. Eu deveria ter previsto e prevenido. Ah, olhando assim depois, fica tudo tão pequeno!
Esse clima tropical quase sempre me desespera. Ainda nem chegou o verão e ao menor sinal de chuva eu já temo por torrentes.
Na nossa terra não se percebe tantas estações: senta-se, observa-se, espera-se. Reclama-se um pouco, pra exercitar o senso crítico já halterofilístico e finje-se se convencer do óbvio ululante: ainda há tempo. Relógios e ademais previsões não acertam nunca.




P.S.: Alugo namorado aos domingos. Tratar aqui.

2 comentários:

Ferreira, Lai disse...

Pari.
É.
A leitura me fez parir, mas só porque você pariu também.
Aí é que está; poesia parida, é o que você faz.
Não é vômito.
É vida nova.
E como toda vida, está sujeita à morte.
Mas até lá tem todo o tempo que não controla.

Daniel Gaivota disse...

"(...) sobre o tempo, já que tudo é repetição:"

Jura mesmo?? :)