Desalinhada. Desde o horizonte das unhas dos pés ao cabelo cultivado por teimar consigo mesma. Há mais de um ano sem ter o que pôr em linhas porque a vida real a consumia silenciosamente sufocante câmara de gás, toda sua poesia característica a resumia à saciedade das necessidades fisiológicas egóicas, parara até de sonhar. Com frequência ainda se pega tentando escapar do movimento rápido dos olhos que a surpreende enquanto dorme. Acostumada a pesadelos, começa então a acordar novamente. E ainda assim se assusta.
Disseram-lhe que é sua Lua em Sagitário que a faz exigir da vida nada menos que uma acelerada sequência de deliciosos eventos inexplicáveis inexoráveis. E ainda assim se assusta.
Acostumada a pesadelos, começa então a acreditar novamente. Estava aprendendo a lidar melhor com filmes de terror.
Eis que em poucas semanas se vê às voltas com seus encantos adolescentes mais do que adormecidos (e nem mais sonhados) realizando-se em aura bucólica de tarde ensolarada de sábado do bairro da Glória.
E não entende, não questiona, não se desespera, apenas sorri. Sorri consigo mesma, sorri para si mesma. Na verdade nunca quis acordar. Não o faria.
2 comentários:
Não acredito, mas the cure quase me convenceu.
The Cure é a chave de tudo. Eu te explico quando tivermos oportunidade.
E não se esqueça que é tudo fictício, licença poética, devaneio do tédio.
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