quinta-feira, setembro 24, 2009

Não sei exatamente o que me incomoda. Talvez a presença, talvez sua decorrente impotência, talvez a simples evolução do acaso. É necessário ser dito pela maneira que excita os sentidos até o incômodo inexpressável insatisfatório. Um grande apanhado de percepções de discernimento complicado, quanto a coisas que quase são e não são por razão que repudio.

E o início da primavera com um significado qualquer. Venho tentando me sincronizar às forças da natureza. Algumas tentativas até bastante risíveis, confesso num tom desavergonhado nesse caso, comumente incomum. Afastando-me de qualquer pudor, ainda a tempo pude me perceber envolvida e comprometer-me silenciosamente, vindo a encontrar-me então embriagada por atmosfera adocicada por excessos e pequenos gestos que mantêm toda ameaça longe o suficiente para permitir a felicidade simples, leve e descompromissada, a qual tem sido meu sustento frente todo esse confuso embate intrínseco.

Abandono as armas, trato minha defensiva com descaso, lanço-me ainda que insatisfeita a um destino que nada parece ter a me surpreender.
Difícil é ser paciente quando se é feita de urgências. Como já disse, venho tentando me sincronizar às forças da natureza e pra isso nunca tive muito tino. Fiz-me por tempos orgulhosa metropolitana, nunca acreditei que fugir de mim à natureza fosse lema me feito. Natureza é a que existe dentro de mim, não me parece razoável ser-se em outra.
Se só a antropofagia nos une, que nos próximos meses D. Primavera, que engole de uma vez só todo o hemisfério, não ouse esquecer-se de miserável mim que almeja ser flores depois de ter sido tanto frio.

Um comentário:

Ferreira, Lai disse...

Sou contemplada.
Somos todos, todas, melhor dizendo.

Só a antropofagia nos une.
Seja da forma literal;
Seja em forma de macarrão e chocolate.

Nós alimentamos a natureza.